Caro(a) leitor(a),
Elencamos como destaques na publicação de hoje: quadro de recessão técnica no Brasil; o surgimento de uma nova variante do Coronavírus na África; aceleração global da inflação devido a alta demanda e complicações em cadeias produtivas; anúncio do FED para possível retirada de estímulos da economia.
Boa leitura!
Brasil entra em recessão técnica
Pelo segundo trimestre consecutivo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou queda em relação ao trimestre imediatamente anterior. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou, entre os meses de julho e setembro, retração de -0,1% em relação ao segundo trimestre e, portanto, agora está em recessão técnica (quando o PIB varia negativamente por dois trimestres seguidos).
Um quadro de recessão técnica é um sinal de alerta econômico. Entretanto, o País não se encontra em um cenário recessivo, quando vários setores econômicos registram retrações prolongadas. Além disso, durante uma recessão prolongada, o mercado de trabalho também é fortemente impactado.
Analisando o desempenho por setor, destaca-se que a agropecuária foi o segmento econômico que mais prejudicou a performance econômica no terceiro trimestre, com queda de 8% em relação ao trimestre anterior. De acordo com o IBGE, tal retração pode ser explicada pela perda de produtividade de algumas culturas, como café (-22,4%), algodão (-17,5%) e cana-de-açúcar (-7,6%). Autoridades do IBGE também destacaram que fatores climáticos adversos impactaram o plantio de alguns grãos.
Por outro lado, o setor de serviços, que corresponde a mais de 70% do PIB, registrou alta de 1,1% em relação ao segundo trimestre deste ano. Tal alta pode ser explicada pelo avanço da campanha nacional de imunização contra a Covid-19 e pela reabertura econômica, que deixa as famílias mais propensas a consumirem serviços de maneira geral.
Por fim, a indústria brasileira registrou queda de -1,7% no terceiro trimestre. De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, “o encarecimento dos insumos e outros problemas na cadeia produtiva, além da crise energética, vêm afetando o setor industrial”.
Nova variante do Coronavírus é identificada na África
Identificada pela primeira vez na África do Sul, a variante ômicron (B.1.1.529) foi reportada à Organização Mundial de Saúde no último dia 24 de novembro. De acordo com cientistas, a ômicron apresenta “grande número de mutações”, o que gerou uma série de preocupações, em diversas localidades do mundo, quanto à possibilidade de uma nova fase de agravamento da pandemia.
De acordo com a OMS, a ômicron possui cerca de 50 mutações, sendo 30 delas na chamada proteína “spike”, que funciona como uma “chave” que o vírus usa para adentrar a célula humana. Além disso, algumas evidências apontam que esta nova variante do Coronavírus pode aumentar os riscos de reinfecção. Por outro lado, a ciência ainda não possui dados concretos que permitem concluir se a ômicron causa mais mortes ou se é mais resistente às vacinas atualmente usadas.
De qualquer forma, a rápida propagação da variante na África do Sul, em comparação à velocidade de disseminação de outras cepas do Coronavírus no país, bem como sua chegada em outras localidades fora da África, foi suficiente para abalar as bolsas globais na última sexta-feira (26). No Brasil, o Índice Ibovespa fechou em forte queda de -3,36%, enquanto o S&P 500, que engloba as cotações das maiores empresas listadas nos EUA, amargou um recuo de -2,27%. Um eventual recrudescimento da pandemia pode ameaçar as perspectivas de recuperação econômica global para os próximos trimestres, principalmente se forem impostas novas medidas de distanciamento social.
Entretanto, vale destacar que, diferentemente dos países de renda média e alta, os países africanos ainda apresentam cobertura vacinal baixa. Na África do Sul, onde a ômicron surgiu, apenas 24% da população está totalmente vacinada (contra mais de 60% no Brasil), o que pode favorecer a circulação mais rápida desta nova variante.
Devido a alta demanda e complicações em cadeias produtivas, a inflação global é impulsionada
Entende-se como inflação um movimento generalizado de alta nos preços dos bens e serviços. Em 2021, como consequência da pandemia de Covid-19, tal fenômeno macroeconômico está se fazendo presente em diversos países do mundo.
Os fatores que corroboram para esse cenário são os entraves em cadeias de fornecimento, devido principalmente a escassez de produtos, juntamente com uma elevação na demanda por parte da sociedade, por conta de estímulos governamentais que visaram diminuir os impactos da pandemia de Covid-19. De acordo com economistas, tais fatores, que podem durar até meados de 2022, correspondem às principais causas da aceleração inflacionária atualmente observada. Tal alta nos preços pode ser um fator negativo para a recuperação econômica de diversos países, principalmente os de menor renda.
Com elevações sucessivas nos custos de produção e preços aos consumidores nas duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, especialistas apontam que a alta nos preços pode se propagar ainda mais para outras economias do mundo.
FED anuncia possível retirada de estímulos da economia
O presidente do Federal Reserve (o “Banco Central” americano), Jerome Powell, afirmou na última terça-feira (30) que a aceleração inflacionária no país está dando sinais de persistência. De acordo com a autoridade monetária americana, a alta no nível dos preços está relacionada tanto ao aumento da demanda da população americana quanto a desequilíbrios nas cadeias produtivas, em virtude da pandemia de Covid-19.
Com a expectativa de que a aceleração da inflação durará ao menos até a metade do próximo ano, o FED anunciou que possivelmente irá começar a discutir a retirada de estímulos monetários da economia. Promovendo um robusto programa de compra de títulos públicos e hipotecários desde o início da pandemia, em março de 2020, o FED agora espera encerrar totalmente suas compras mensais de U$ 120 bilhões nessas modalidades de ativos. Esta retirada de estímulos da economia, visando o controle inflacionário, pode significar uma elevação das taxas de juros nos EUA antes do esperado pelo mercado e, consequentemente, prejudicar a performance do mercado acionário.
Após as falas de Powell, o Índice S&P500 acumulou baixa de -1,90% no último 30. No Brasil, o Índice Ibovespa também foi impactado, fechando em queda de -0,87%