Tivemos uma semana marcada por muita volatilidade no mercado, graças à movimentos internos que trouxeram a tona a discussão sobre o cumprimento ou não do teto de gastos. O governo propôs expandir o pagamento do auxílio emergencial até o fim de 2022 e subsidiar um auxílio diesel aos caminheiros, prejudicados pelas sucessivas altas dos combustíveis. Soma-se a isso a proibição, pela China, da importação de carne brasileira, pela confirmação, em dois frigoríficos, da síndrome da vaca louca. Como reflexo, a bolsa apresentou uma queda de 7,3% na semana, enquanto o dólar encontra-se cotado a 5,65 reais.
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Auxílio Brasil fora do teto de gastos para custear o Bolsa Família
Batizado de Auxílio Brasil, o benefício proposto pelo governo para resguardar os mais vulneráveis no pós pandemia custará aos cofres públicos cerca de R$30 bilhões, o que inviabiliza a manutenção do teto de gastos. O mau humor do mercado com a notícia pôde ser sentido com a queda expressiva da bolsa, com a elevação dos juros futuros e depreciação do real.
Para viabilizar o programa, que prevê a transferência de R$400,00 em 2022, o governo chegou à solução de usar o orçamento do Bolsa Família (34,7 bilhões de reais) incorporado a um auxílio temporário (50 bilhões de reais) que, por não ser estruturado como despesa continuada, não precisará de definição de fonte de receita. Para analistas, a tentativa do planalto de financiar o programa social sem se preocupar com a situação fiscal pode aumentar ainda mais a inflação desencadear outros problemas econômicos para o país.
Reflexo disso foi a imediata disparada do dólar. A moeda americana superou os R$5,60, chegando a um dos maiores patamares de fechamento do ano. Em comparação com as principais moedas globais, o real figura entre os piores desempenhos. A principal causa do descompasso entre as cotações é o aumento da percepção do risco do país, ocasionando a fuga de capital estrangeiro do país.

Veto Chinês à carne brasileira
Após a confirmação de casos do “mal da vaca louca” em dois frigoríficos do país, o Brasil extinguiu voluntariamente a exportação para a China, seu principal comprador. Até julho, as exportações de carne do país atingiram 490 mil toneladas e geraram U$S2,5 bilhões (R$13,6 bilhões) de receita.
De acordo com o jornal Financial Times, o veto prolongado já preocupa autoridades brasileiras e pode reduzir aproximadamente US$ 4 bilhões em exportações por ano (equivalente a R$ 21,8 bilhões). Alguns analistas brasileiros, ouvidos pelo Financial Times, acreditam que a proibição é uma forma de a China obter vantagem comercial. “Esse atraso na retomada pode ser uma tática de negociação que visa melhorar a precificação e ganhar poder de barganha. Parece uma coisa mais comercial, porque em termos de saúde não há o que discutir”, disse Hyberville Neto, da Scot Consultoria, que atua no setor de carnes e gado bovino.
Na China, importadores expressaram que uma suspensão duradoura da carne brasileira teria um grande impacto, dada a escala das remessas, mas a maioria espera que o comércio reinicie em breve.